Volto ao Noéme. Em dias de Inverno como há muito não se via, vejo o Rio. Da ponte, vejo um enorme curso de águas bravas. Belo e ao mesmo tempo triste. E não é do cinzento do céu.
Se há vinte anos se podia alegar desconhecimento e falta de capacidades para que se destruísse o Rio hoje já não faz sentido.
Os poluidores de hoje não sentirão vergonha quando vêem as imagens do crime?
Dormirão descansados?
Julgar-se-ão acima da lei e da moral?
É preciso dizer a esses senhores que o modelo de desenvolvimento que nos oferecem não nos interessa.
Mas para isso, o poder eleito tem de ter um modelo novo, um plano alternativo, ou como hoje se diz uma estratégia. Uma estratégia em que os recursos naturais sejam respeitados e valorizados; em que a memória seja entendida como fonte de riqueza; em que a cultura seja alavanca de desenvolvimento.
Não se consegue vender a imagem de um concelho moderno e verde existindo um rio continuadamente poluído. É incoerente e afasta investidores que não se revêem nestas práticas. As fábricas fecham ou mudam de localização ao sabor dos interesses do capital.
Só os rios, as florestas - a Memória! poderemos deixar aos que vierem depois de nós. Ao menos que se orgulhem daquilo que lhes deixarmos.Crónica transmitida na Rádio Altitude no dia 16 de Março e disponível aqui
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